Olá! Bem-vindas e bem-vindos à primeira edição da Periódica.
Antes de ir ao trabalho, queria apenas tomar dois parágrafos para agradecer e conversar. Somos mais de 400 e isso muito me alegra, motiva e surpreende. Um agradecimento especial aos assinantes que já contribuíram financeiramente para a manutenção da Periódica. Esta newsletter é, sobretudo, um ambiente de experimentação e de aprendizado sobre como é possível criar um canal de diálogo entre o que é produzido na academia e no mercado e vice-versa de modo que ambos os lados sejam beneficiados pela troca.
E nessa construção, a contribuição de cada um de vocês é importante para que a Periódica seja desenvolvida da melhor forma possível. Por isso, todo feedback, dica de leitura ou aviso sobre alguma novidade são muito bem-vindos. Para quem ainda não segue a Periódica no Twitter, fica o convite: por lá, tenho postado chamados, editais e processos seletivos.
Em comemoração à primeira edição, fiz o sorteio de um exemplar do livro "Falso Espelho", de Jia Tolentino, conforme anunciei no Twitter. Como foi feito: para cada nome na planilha, um número correspondente. Com a ajuda do site sorteador.com.br, o número sorteado foi o 113 e o vencedor é o Leandro Vieira, que já está sabendo da boa nova e receberá o livro na próxima semana.
Mas agora vamos ao trabalho!
A primeira edição da Periódica levou cerca de 14h para ser preparada — entre pesquisa, seleção de conteúdos, estudo, redação e edição final — e o tempo de leitura é estimado em nove minutos.
Toda edição da Periódica terá um material de aprofundamento, com as anotações e fichamentos que fiz durante o estudo das publicações. Ele está disponível aqui e a leitura leva cerca de 18 minutos.
Boa leitura!
What they do in the shadows: examining the far-right networks on Telegram
Autores: Aleksandra Urman e Stefan Katz
>> Resumo em um tweet. Os autores analisaram dados de mais de 53 mil canais e grupos de extrema-direita no Telegram para responder 4 perguntas sobre a formação das redes na plataforma. Os achados incluem a tendência de maior radicalização no Telegram do que em plataformas como Facebook e Twitter.
>> Panorama. Os dados coletados abarcam um período entre setembro de 2015 e fevereiro de 2020 e a análise do montante permitiu o desenvolvimento de um layout da rede com comunidades que se dividem, basicamente, entre nacionalistas e ideológicas.
>> Principais achados. As redes de extrema-direita no Telegram replicam as estruturas encontradas em outras plataformas, porém há uma tendência maior à radicalização por conta das características do Telegram em relação à criptografia e privacidade. Houve um aumento expressivo das comunidades e do número de membros em tais comunidades a partir de abril e maio de 2019. Os autores argumentam que o banimento de plataformas maiores, como Facebook e Twitter, podem não ser a melhor solução para evitar o alcance das publicações e a radicalização dos grupos.
O problema do mal e o jornalismo - (por) uma epistemologia da notícia
Autor: Rodrigo César Castro Lima
>> Resumo em um tweet. A dissertação tem como foco analisar o problema do mal no jornalismo e a prevalência de notícias negativas. O autor analisou cerca de 10 mil notícias de sete veículos de comunicação de países diferentes e observou que mais de 80% das notícias analisadas eram negativas.
>> Panorama. O autor define o mal como algo que desejamos evitar e propõe que o problema do mal seja abordado no jornalismo de modo a construir conhecimento para o campo. Para responder à pergunta norteadora, foram coletadas mais de 2 mil notícias em um ano, de sete veículos de países distintos.
>> Principais achados. Mais de 80% das notícias analisadas apresentaram um viés negativo, sendo que a CNN dos Estados Unidos alcançou o maior percentual: 91.71%. Por outro lado, a CCTV, televisão estatal chinesa, apresentou 80,1% de notícias positivas. O autor argumenta que este percentual destoante do restante da amostra está ligado ao controle da produção jornalística como uma forma de contenção do mal, que teria um poder disruptivo em um regime opressor.
Polarização, Hiperpartidarismo e Câmaras de Eco: Como circula a Desinformação sobre Covid-19 no Twitter
Autores: Raquel Recuero, Felipe Soares e Gabriela Zago
>> Resumo em um tweet. O artigo analisa a circulação de desinformação no Twitter com foco no caso do uso da hidroxicloroquina como cura ou como tratamento de eficácia comprovada contra o vírus e investiga as relações e comportamentos de clusters pró e anti-hidroxicloroquina.
>> Panorama. Os autores coletaram dados sobre as 100 URLs mais compartilhadas nos clusters para analisar a dieta informativa, o comportamento dos usuários em cada cluster e como os clusters se relacionam entre si.
>> Principais achados. No cluster pró-hidroxicloroquina, das 100 URLs analisadas, 97 indicavam a defesa do medicamento como tratamento/cura à Covid-19, 72 continham alguma desinformação. No caso do cluster anti-hidroxicloroquina, 80 URLs eram de veículos jornalístico e, das 100 URLs analisadas, apenas sete continham alguma desinformação. O grupo pró-hidroxicloroquina é mais ativo e consome majoritariamente veículos hiperpartidários.
A Hibridização profissional como exigência para trabalhar na área da Comunicação: Perspectiva a partir de vagas brasileiras divulgadas no LinkedIn
Autores: Juliane Martins, Letícia Salem Herrmann Lima, Ricardo Belinski
>> Resumo em um tweet. O artigo aborda a quebra de paradigma da identidade profissional imposta pelo trabalho digital e analisa as competências e formação exigidas por vagas voltadas a trabalhadores da Comunicação divulgadas no LinkedIn.
>> Panorama. Durante os meses de novembro e dezembro de 2018, os pesquisadores coletaram 1.126 documentos sobre vagas com o termo "comunicação" em oito estados e no Distrito Federal. A partir da base, foram analisadas as recorrências de requisitos ligados às vagas como: formação, competências e categorias de áreas.
>> Principais achados. A maioria das vagas encontradas exigiam formação superior e buscavam profissionais de Marketing. Em relação às competências demandadas, a pulverização é grande e abrange conhecimentos em diferentes áreas da Comunicação, que vão do marketing digital à assessoria de imprensa, passando por facilidade em trabalho de equipe e foco em resultados.
Notas de rodapé
(uma breve coletânea de dicas)
_Para ver e ouvir: Podcast Tecnopolítica. Conduzido pelo professor Sergio Amadeu, os episódios discutem as mudanças provocadas pela tecnologia na sociedade, economia e política.
_Para assinar e acompanhar: algumas newsletters sobre comunicação, jornalismo e pesquisa que inspiram a Periódica. DigiLabour, Desvelar, RQ1, Reuters Institute, Farol Jornalismo, ObjETHOS.
_Para ouvir e refletir: IJNotes, podcast da IJNet, está fazendo uma série especial de entrevistas sobre saúde mental e jornalismo. Os três primeiros episódios estão aqui.
Programe-se
(uma seção com prazos de processos seletivos, publicações e eventos)
Na seleção desta semana, trazemos informações sobre sete processos seletivos de ingresso na pós-graduação e credenciamento de docentes e 17 publicações e eventos com inscrições e prazos de submissão abertos. Veja a lista completa aqui.
É isso!
Chegamos ao final da primeira edição da Periódica. Espero que você tenha gostado.
Se você tiver qualquer dúvida, sugestão ou comentário, vou adorar saber.
Ah! Se você conheceu a Periódica porque algum amigo encaminhou esta edição para você, assine a newsletter.
Muito obrigada e até a próxima!
Um abraço e um ótimo final de semana e feriado a todos vocês!
Luiza Bodenmüller
Idealizadora e editora da Periódica